sexta-feira, 23 de setembro de 2011

MODELO D.I.R. COM ABORDAGEM FLOORTIME



O modelo D.I.R. com abordagem Floortime é o modelo baseado no Desenvolvimento funcional, nas diferenças Individuais e na Relação e tem vindo a ser desenvolvido, com a obtenção de resultados encorajadores, pelo Interdisciplinary Council on Developmental and Learning Disorders (ICDL), dirigido por Stanley Greenspan e Serena Wieder, nos EUA.
É um modelo de intervenção intensiva e global, que associa a abordagem Floortime ao envolvimento e participação da família (devido à importância da sua relação emocional com a criança), e às diferentes especialidades terapêuticas que trabalham numa equipa interdisciplinar (terapia ocupacional, terapia da fala, psicologia, etc.) e a articulação e integração nas estruturas educacionais. (Silva, Eira, Pombo, Silva, Martins, Santos, Bravo & Roncon, 2003)
Este modelo tem como objectivo a formação dos alicerces para as competências sociais, emocionais e intelectuais das crianças, em vez de se focar nas competências e nos comportamentos isolados. O Floortime “tempo de chão” é uma técnica em que o terapeuta segue os interesses emocionais da criança (liderança) ao mesmo tempo que a desafia a ir em direcção ao maior domínio das capacidades sociais, emocionais e intelectuais. ou seja, usa o que a criança inicia para expandir. Assim, ajudamos a criança a criar relações e a interagir e envolver-se connosco ao mesmo tempo que tornamos os comportamentos sem estereotipados da criança em algo com um objectivo (por exemplo, se a criança começar a bater com as mãos numa mesa nós tentamos associar esse gesto a uma música que inclua o “bater na mesa”; e sempre que ela fizer isso nós repetimos a música, até esse gesto ser feito com a intencionalidade de ouvir/cantar a música).
Com crianças mais pequenas estas interacções durante o brincar podem ser feitas no chão “floor” mas que depois podem evoluir para outros locais. (Greenspan & Wieder)
Após a avaliação do nível de Desenvolvimento funcional da criança, as diferenças Individuais e as Relações com o prestador de cuidados e com os pares, a equipa vai, em conjunto com os pais, desenvolver um perfil de funcionalidade para aquela criança que serve como base para um programa de intervenção único e especifico para a criança. (Greenspan & Wieder)
O programa de intervenção baseado no modelo DIR com abordagem Floortime inclui os seguintes componentes especificados individualmente:
  • Programa dirigido a casa
· Sessões de Floortime: Onde se encoraja a tomada de iniciativa, o comportamento adequado e o desenvolvimento de capacidades simbólicas através do jogo simbólico/dramático ou através de conversas, sempre seguindo a liderança da criança. Tal como o terapeuta faz nas suas sessões.

· Resolução de problemas semi-estruturado: Através de desafios dinâmicos e com significado para serem resolvidos de modo a ensinar algo novo à criança.

· Actividades motoras, sensoriais, visuo-espaciais, auditivas e de integração sensorial: Estas actividades são adequadas às diferenças individuais da criança, construindo capacidades básicas de processamento e dando suporte para ajudar a criança a envolver-se, ter atenção e auto-regular-se na interacção com os outros.

· Jogo de pares com outra criança: o jogo de pares deve ser começado quando uma criança está totalmente envolvida e em interacção, com os pais a intervirem mediando a brincadeira quando necessário de modo a encorajar o envolvimento e interacção entre as crianças; por exemplo se cada uma das crianças estiver a brincar com o seu brinquedo sem interagir uma com a outra (jogo paralelo), os pais tentam criar uma ponte entre os dois brinquedos para as crianças podem brincar juntas (jogo interactivo).
Exemplo de um pai numa sessão de Floortime em casa




  • Terapia individual
· Terapia da fala
· Terapia ocupacional
· Outras, por exemplo, Psicologia
  • Programa educativo
· Para as crianças que conseguem interagir e imitar gestos: Programa integrativo e inclusivo ou a escola regular com um professor adicional, se necessário

· Para as crianças que ainda não são capazes de se envolverem na resolução de problemas ou imitar: Programa de educação especial focada sobretudo o envolvimento e no uso de gestos com o propósito de interagir

· Transição de programas de educação-tipo com pares típicos: Por exemplo na ginástica.
  • Quando necessário, outras intervenções que incluem: Intervenção biomédica, Aconselhadores nutricionais e de tecnologias de apoio. (Greenspan & Wieder)

Referências:
· Greenspan, S. & Wieder, S. (2007) The Interdisciplinary Council on Developmental and Learning Disorders - Reaching beyond Autism. Acedido em 27 de Dezembro de 2008, em http://www.icdl.com/dirFloortime/overview/index.shtml
· Silva, P., Eira, C., Pombo, J., Silva, A., Silva, L., Martins, F., Santos, G., Bravo, P. & Roncon, P. (2003). Análise Psicológica, Programa clínico para o tratamento das perturbações da relação e da comunicação, baseado no Modelo D.I.R., XXI, 31-39. Acedido a 16 de Dezembro de 2008, em http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v21n1/v21n1a05.pdf

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